quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cultura

Origem de alguns ditados populares

JURAR DE PÉS JUNTOS:

- Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu.

A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, as quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para dizer nada além da verdade.

Até hoje o termo é usado para expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.



MOTORISTA BARBEIRO:

- Nossa, que cara mais barbeiro!

No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc, e por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas.

A partir daí,desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela expressão "coisa de barbeiro".

Esse termo veio de Portugal, contudo associação de "motorista barbeiro", ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.



TIRAR O CAVALO DA CHUVA:

- Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje!

No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol.

Contudo, o convidado só poderia por o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse:

"pode tirar o cavalo da chuva".

Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.



À BEÇA:

- O mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa.

A origem do dito é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano Gumercindo Bessa, advogado dos acreanos que não queriam que o Território do Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas.



DAR COM OS BURROS N'ÁGUA:

- A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas.

O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados.

Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.



GUARDAR A SETE CHAVES:

- No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves.

O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas.

A partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" para designar algo muito bem guardado.



ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:

- Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas.

Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição.

Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas.

A partir daí surgiu à expressão, usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.



PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:

- A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados.

Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra.

Após alguns meses o garoto morreu.



PARA INGLÊS VER:

- A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos.

No entanto,todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram criadas apenas "para inglês ver".

Daí surgiu o termo.

RASGAR SEDA:


- A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena.

Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz:

"Não rasgue a seda, que se esfiapa."



O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:

- Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D`Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.

Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via.

Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor.

Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.

O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano.

Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.



ANDA À TOA:

- Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra.

Um navio que está à toa é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar.



QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO:

- Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou.

Inicialmente se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.



DA PÁ VIRADA:

- Mas a origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá.

Quando a pá está virada para baixo, voltada para o solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo homem vagabundo, irresponsável, parasita.



NHENHENHÉM:

- Nheë, em tupi, quer dizer falar.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil,eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen".



VAI TOMAR BANHO:

- Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português.

Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez,o que muito agradou à Igreja.

Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore para limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam.

Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com freqüência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios.

Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".



ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM:

- Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português.

O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara.

Como resposta, ouviu do português a seguinte frase:

"Vocês que são pardos, que se entendam".

O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil.

Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei.

Mas, dom Luís se explicou:

Nós somos brancos, cá nos entendemos.



A DAR COM O PAU:

- O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras.

Esta expressão teve origem nos navios negreiros.

Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, para isso, deixavam de comer.

Então, criou-se o "pau de comer" que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sopa e angu para o estômago dos infelizes, a dar com o pau.

O povo incorporou a expressão.



ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA:

- Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio (43 a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como A arte de amar e Metamorfoses, que foi exilado sem que soubesse o motivo.

Escreveu o poeta:"A água mole cava a pedra dura".

É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase para que sua memorização seja facilitada.

Foi o que fizeram com o provérbio portugueses e brasileiros.

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